Acabo de ver pela segunda vez Cine Holliúdy, filme cearense que, na terra natal, desbancou grandes blockbusters como o novo filme do Wolverine e coisa e tal.
Meu primeiro encontro com a obra de Halder Gomes foi em Salvador, quando o filme ainda só estava em cartaz nas salas do Nordeste. Já trazia consigo o crédito de ter sido uma das maiores audiência no Ceará, o que atraiu a atenção minha e da Julia, minha namorada. Seguindo meus rituais, não li resenha ou descrição (mesmo porque não tinha nenhuma além do sucesso no estado primo) e fui ver cru o filme, sem saber bem o que esperar. O filme, falado no exótico dialeto do cearensês e legendado em português para a compreensão geral, conta a saga de Francisgleydisson, um apaixonado pela sétima arte, e sua família na tentativa de montar um cinema. Passado nos anos 70, Francisgleydisson vê se aproximar a invasão da televisão, que coloca em jogo a relevância sócio-cultural do cinema. Mais do que uma luta para manter a magia do cinema viva - porque é disso que se trata no filme, da magia, do encantamento, do fascínio que estão contidos na telona, na produção; aquele outro mundo, ideal (ou não), mágico, onírico, que nos hipnotiza e nos permite sonhar e continuar sonhando -, o filme retrata o embate entre público e particular, comunidade e indivíduo, a interação e o isolamento, o cinema e a televisão.
Halder Gomes, diretor, roteirista e cearense |
Quando entrei na sala, que deveria ter no máximo 30 pessoas, admito, duvidei do filme. Mas não poderia ter assistido melhor filme em melhor lugar. Se foi coincidência ou não, não importa, mas todos aqueles 30 baianos riam com gosto ao ouvir uma gíria esquisita do Ceará ou uma piada, por mais boba que fosse, puxavam o ar quando surpresos, comentavam, participavam, nos fazendo (nós, cariocas inveterados, que achamos tanto muito de nós mesmos quanto da arte de fazer filmes) rir junto, comentar junto, nos surpreender junto. Enfim, interagíamos com a tela, aquela que já viva e sorrindo para nós, como se dissesse que éramos poucos mas éramos privilegiados por estarmos ali, vivendo o que realmente significa uma sala de cinema. E éramos vivendo juntos um sonho no meio do maior shopping center de Salvador.
Não vou me prolongar muito dessa vez... prefiro que veja o filme e, se já viu, reveja e de preferência no cinema. É um filme cuja simplicidade cativa e toca e que, os olhos fascinados e o coração envolvido, arrancaram de mim menos palavras do que emoção.
Hoje mesmo minha tia - que é cearense- me disse que assistiu e achou ótimo. Me deu gosto de fazer isso também.
ResponderExcluirE parabéns pelo texto.
Exelente comentario. Essa resenha tem muito do que o filme passa para nós: emoção (tambem vi o filme e adorei, pena que cortado, pois vi na TV).
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